Violência: retrato de uma sociedade sem Deus

Introdução

- A violência está em toda parte.

- Não podemos passar um dia sem ouvir uma notícia sobre atos violentos nos meios de comunicação.

- Entretanto, mesmo ocorrendo em nosso país, em nossa cidade, em nosso bairro, a questão pode ficar um pouco distanciada e acadêmica até que somos vítimas da violência, ou alguém próximo a nós sofre algum tipo de agressão.

- Assaltos são cada vez mais comuns, seqüestros deixaram de ser um pesadelo apenas para os ricos e a violência se agrava muitas vezes seguida de assassinato.

- Uma estatística recente, na cidade de São Paulo, indica que uma em cada duas pessoas já foi assaltada.

- A impunidade se alastra, os governos se omitem, o ideal expresso por Paulo, em 1 Tm 2.2, onde ele nos comissiona a orarmos pelos governantes e autoridades, - para que possamos ter uma vida "tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade"- parece cada vez mais distante. Os casos a seguir são reais e ocorreram todos com famílias evangélicas, irmãos nossos, aqui no Brasil:

(1TM 2:1) - Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens,

(1TM 2:2) - em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito.

==1.Um pai de família com alguns de seus filhos retornava para a propriedade rural que possuem em um estado do Norte do Brasil. O veículo é emboscado e atacado a tiros. Morre o chefe da família e um dos filhos. Deixou a esposa viúva, com vários filhos e filhas.

==2.Outro pai de família de classe média, que reside no estado do Rio de Janeiro, é seqüestrado e permanece em cativeiro por três semanas, sob constantes ameaças de morte, até que é libertado, sem o pagamento do resgate. Meses depois, ele e toda a sua família, permanecem ainda traumatizados com a ocorrência.

==3.Um missionário que reside na periferia de uma grande cidade nordestina, tem a sua propriedade invadida por três homens. Durante quase três horas eles aterrorizam a família e estupram a sua esposa e a sua filha mais velha, abusando também da outra filha adolescente.

= Qual é a nossa reação e compreensão do problema da violência? O que tem a Palavra de Deus a dizer sobre o assunto? Qual a responsabilidade dos governantes e das autoridades? Qual deve ser a postura do servo de Deus, numa era de violência e criminalidade?

1.A violência é um problema moderno?

No Salmo10, David, seu provável autor, descreve o homem violento da seguinte forma (vs.6-8): (SL 10:6) - Pois diz lá no seu íntimo: Jamais serei abalado; de geração em geração, nenhum mal me sobrevirá.

(SL 10:7) - A boca, ele a tem cheia de maldição, enganos e opressão; debaixo da língua, insulto e iniqüidade.

(SL 10:8) - Põe-se de tocaia nas vilas, trucida (matar com crueldade) os inocentes nos lugares ocultos; seus olhos espreitam o desamparado.

A ameaça constante acompanha a violência, assim como a linguagem desses é cheia de blasfêmias e maldição. Os atos, entretanto, não refletem a coragem propagada. Esses são, via de regra, traiçoeiros e ciladas armadas contra os desamparados e indefesos.

A violência caracterizou o homem desde seus primeiros passos, logo após a queda. A Palavra de Deus nos relata a história do primeiro homicídio, em Gn 4.1-24. Lá, tomamos conhecimento como a ira de Caim contra seu irmão, Abel, o levou a cometer assassinato.

(GN 4:3) - Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.

(GN 4:4) - Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta;

(GN 4:5) - ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.

(GN 4:8) - Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou.

(GN 4:23) - E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou.

Entre os descendentes de Caim, Lameque era violento e reagiu a agressões sofridas também com assassinatos (Gn. 4.23-24).

(SL 73:1) - Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo.

(SL 73:2) - Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos.

(SL 73:3) - Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.

(SL 73:4) - Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio.

(SL 73:5) - Não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os outros homens.

(SL 73:6) - Daí, a soberba que os cinge como um colar, e a violência que os envolve como manto.

Assim, antes do dilúvio, a violência já permeava a terra. Gn. 6.11 diz: "a terra estava corrompida à vista de Deus, e cheia de violência".

Após o dilúvio, Deus destruiu Sodoma e Gomorra pela impiedade, violência e imoralidade existentes naquelas cidades.

Em Gn 19.5 lemos que quando os anjos visitaram a Ló, os homens da cidade procuraram arrombar a casa para arrancarem os dois varões formosos, para os molestar sexualmente.

(GN 19:5) - e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles.

Mas adiante, ainda no livro de Gênesis, lemos que Jacó, em suas palavras finais, condenou a violência de dois de seus filhos - Simeão e Levi, pois utilizaram a espada não para defesa, mas como "instrumentos de violência" (49.5 e 6) para matarem homens e mutilarem touros.

(GN 49:5) - Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.

(GN 49:6) - No seu conselho, não entre minha alma; com o seu agrupamento, minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens,e na sua vontade perversa jarretaram (cortar, amputar, decepar) touros.

Abimeleque, filho de Gideão, assassinou seus setenta irmãos, para conservar sozinho a liderança, após a morte do pai (Ju. 9.24). A violência marcou a vida de muitos reis de Israel, ao se afastarem dos caminhos de Deus. Violência foi também, inúmera vezes, praticada contra o povo de Deus, pelos seus inimigos.

(JZ 9:24) - para que a vingança da violência praticada contra os setenta filhos de Jerubaal viesse, e o seu sangue caísse sobre Abimeleque, seu irmão, que os matara, e sobre os cidadãos de Siquém, que contribuíram para que ele matasse seus próprios irmãos.

==Violência maior foi praticada contra o Nosso Senhor Jesus Cristo, torturado, espancado e pendurado pelas mãos e pés, com pregos, em uma cruz, culminando com uma morte lenta e dolorosa, por asfixia, sem ter qualquer pecado.

==Ali ele sofria violência e punição e morria em substituição aos seus amados que constituem a sua igreja - aqueles que, pela graça de Deus, o reconhecem como Salvador e Senhor de suas vidas.

==Muitos de seus discípulos experimentaram violência, ao longo de suas vidas, encontrando morte violenta, antes de passarem à glória eterna. O capítulo da fé, Hebreus 11, fala dos servos fiéis que experimentaram açoites, escárnios (zombaria), prisões, torturas e mutilações, ficando necessitados, aflitos e maltratados.

A violência, portanto, por mais presente que esteja em nossa era, não é um problema moderno.

Temos a tendência de sempre olhar o nosso tempo época como a pior que já existiu, mas quando lemos os relatos acima, da própria Palavra de Deus, vemos a violência, imoralidade, crueldade e impiedade sempre presentes no mundo.

Ocorre que ela é uma conseqüência do pecado e sendo assim, a violência está presente desde a queda de Adão, aparecendo as vezes com maior, outras vezes com menor intensidade nas diversas épocas da história da humanidade.

É verdade que as pessoas sem Deus encontram, cada vez mais, formas sofisticadas de exercitar a impiedade, mas lembremo-nos que mesmo que sejamos vítimas de violência, Deus está presente e reina soberano, executando justiça em seu próprio tempo.

Os problemas que possamos estar atravessando com certeza já fizeram parte da experiência de outros servos Seus. 1 Co10.13 nos ensina que as provações a que somos submetidos não são exclusivas à nossa experiência, mas são humanas, ou seja, comum aos demais homens, e que Deus nos concede a habilidade de poder suportá-las.

(1CO 10:13) - Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.

2. Como procurou Deus restringir a violência?

O dilúvio foi um ato de julgamento de Deus contra a violência que campeava a terra. Foi assim que Deus falou a Noé (Gn. 6.13):

"Então disse Deus a Noé: resolvi dar cabo de toda a carne, porque a terra está cheia de violência dos homens: eis que os farei perecer com a terra".

Deus atingiu o mal na raiz, deixando para repovoar a terra apenas a família que lhe era temente. Deus, portanto, abomina a violência e não é sem razão que o Salmo 34:16 diz, "O rosto do Senhor está contra os que praticam o mal, para lhes extirpar da terra a memória." Os violentos não terão herança com Deus. Ele é contra o que oprime e extorque (Salmo 35.10).

Após o dilúvio, para o controle da violência, Deus instituiu a pena de morte (Gn 9.6), muito antes da lei civil da nação de Israel.

(GN 9:6) - Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.

A Pena de Morte foi instituída por Deus naquela ocasião, portanto, como um dos freios contra a violência e os assassinatos, fundamentada no fato de que o homem foi criado à imagem dele próprio.

Ela foi comandada a Noé e a seus descendentes, antes das Leis Civis ou Judiciais, numa inferência de sua aplicabilidade universal.

Foi instituída por Deus e não pelo homem, e ela ocorreu não porque Deus desse pouca validade à vida do homem, mas exatamente porque Ele considerava esta vida extremamente importante.

Dessa forma, perdia o direito à sua própria vida qualquer um que ousasse atentar contra a criatura formada à imagem e semelhança do seu criador.

A pena capital está enraizada na Lei Moral de Deus que seria posteriormente codificada no decálogo.

O 6º mandamento, não matarás, expressa o mesmo princípio da santidade da vida, contido na determinação a Noé. Essa compreensão também é expressa na Confissão de Fé de Westminster, no seu capítulo 23 e no Catecismo Maior, nas perguntas e respostas 135 e 136.

A lei civil de Israel fornece solo fértil ao estudo de como Deus aplicou os princípios de sua lei moral a um povo específico, em uma época específica, com a finalidade de promoção de seus princípios de justiça.

Sabemos que a lei moral é normativa a todos em todos os tempos e que a lei civil era peculiar à teocracia (Forma de governo em que a autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes na Terra.) de Israel, enquanto que a lei cerimonial ou religiosa apontava e foi integralmente cumprida em Cristo.

Entretanto, mesmo sem ser normativa para nós, podemos verificar como o sistema de crimes e punições do povo de Israel era destinado a fazer com que o crime realmente não compensasse e temos muito a aprender com os registros das Escrituras. Veja esses pontos interessantes, como exemplos:

1 . No povo de Israel não existia a provisão para cadeias, nem como instrumento de punição nem como meio de reabilitação. A cadeia era apenas um local onde o criminoso era colocado até que se efetivasse o julgamento devido. Em Números 15.34 lemos: "...e o puseram em guarda; porquanto não estava declarado o que se lhe devia fazer..."

2 . Não encontramos, na Palavra de Deus, o conceito de enclausuramento como remédio, ou a perspectiva de reabilitação através de longas penas na prisão e, muito menos, a questão de "proteção da sociedade" através da segregação do indivíduo que nela não se integra, ou que contra ela age.

3 . O princípio que encontramos na Bíblia é o da restituição. Em Levítico 24.21 lemos, (LV 24:21) - Quem matar um animal restituirá outro; quem matar um homem será morto. A restituição ou retribuição, era sempre proporcional ao crime cometido.

4 . Para casos de roubo, a Lei Civil de Israel prescrevia a restituição múltipla. Ex 22.4 diz "...se o furto for achado vivo na sua mão, seja boi, seja jumento, ou ovelha, pagará o dobro."

Assim Deus estruturou o seu povo com um sistema destinado a refrear a violência e a criminalidade.

Não há sombra de dúvidas que Deus julgará a violência e que ampara os seus, quando vítimas nas mãos do seu semelhante.

O Salmo 11.5 diz, "O Senhor põe à prova o justo e ao ímpio; mas ao que ama a violência a sua alma o abomina". O Salmo 72.13 e 14 registra - "Ele tem piedade do fraco e do necessitado, e salva a alma aos indigentes. Redime as suas almas da opressão e da violência, e precioso lhe é o sangue deles".

3.Qual o papel do estado, no que diz respeito à violência?

O salmo 55.9, que diz, "...vejo violência e contenda na cidade", parece escrito nos dias de hoje, e a visão de Ezequiel (7.23) é bem próxima à nossa realidade: "Faze cadeia, porque a terra está cheia de crimes de sangue, e a cidade cheia de violência".

O livro de Oséias expressa a dissolução dos costumes e dá a razão para esse estado de coisas - o afastamento de Deus e de seus princípios de justiça. Em OS. 4.2, lemos: "O que prevalece é perjurar (jurar falso), mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios".

Porque? Porque "não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus"(v. 1).

Mas qual o papel do estado, das autoridades, dos governantes no controle da violência?

Ele não pode "converter" as pessoas à força - não está em suas possibilidades nem faz parte de sua esfera de autoridade.

Mesmo sabendo que o remédio final para a violência é o evangelho salvador de Cristo, reconhecemos que o estado é o instrumento designado por Deus para restringir o mal e para regular o relacionamento entre os homens.

É pelas autoridades que o constituem que oramos a Deus para que atinjamos aquele ideal que nos referimos no princípio: que tenhamos uma vida "tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade" ( 1 Tm 2.2). Ele é a ferramenta que o povo recebeu de Deus para se manter em paz social.

==Não cabem ao indivíduo ações violentas como reações à violência.

A manutenção da lei e da ordem não pertence a um grupo ilegal de "vigilantes" ou "justiceiros" que massacram indiscriminadamente, sob a cobertura de estarem punindo os criminosos.

O crente não deve apoiar as ações fora da lei, por mais convenientes que elas pareçam e por mais evidentemente criminosos que sejam os massacrados.

Ele não se gloria na guerra de quadrilhas, nem deve passar pelos seus lábios a famosa frase: "ladrão bom é ladrão morto". Mas Deus não quer os cidadãos indefesos.

O estado constituído, os governantes, as autoridades estabelecidas, em qualquer sistema, são ministros de Deus para aplicação dos princípios de justiça.

==Sabemos que existem governos negligentes e corruptos.

Isso sobrevirá como uma terrível responsabilidade perante aqueles comissionados com a tarefa de governar, mas o preceito de Deus é que o governo correto deve ser o que louva ao que faz o bem e o que é vingador para castigar o que pratica o mal.

Assim sendo, não é sem motivo que possui armamentos para tal ("traz a espada"), como lemos em Rm 13.1-7.

(RM 13:1) - Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.

(RM 13:2) - De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.

(RM 13:3) - Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,

(RM 13:4) - visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.

(RM 13:5) - É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.

(RM 13:6) - Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço.

(RM 13:7) - Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.

Lembremo-nos, também, que Paulo, sob a inspiração do Espírito Santo, escreveu suas palavras não debaixo de um governo ideal, constituído de governantes crentes e tementes a Deus, mas sob um governo imposto, autoritário, invasor e também corrupto, mas nem por isso menos responsável diante de Deus.

A violência, conseqüência do pecado, está assim diretamente ligada à omissão dos governos e das autoridades.

Ela cresce na medida em que cresce a impunidade e o desrespeito ao homem como criatura de Deus, criada à sua imagem.

Quanto mais o estado age como ministro de justiça da parte de Deus mais decrescerá a violência.

Por outro lado, a sua parcialidade com os mais ricos, protegendo o acúmulo de riquezas angariadas indevidamente, aprofundará os abismos e carências sociais, gerando mais e mais problemas criminais.

A sua visão atenuada da criminalidade, na busca de explicações sociais, encorajará mais e mais violência na terra.

É necessário, como indivíduos tementes a Deus, que tenhamos a visão clara de que a principal função dos nossos governantes é exatamente a promoção da paz social, com a visão aguçada do bem e do mal, nos termos expressos pelas Escrituras.

Tudo o mais em que se envolvem deveria ser secundário a esse dever bíblico principal para com os seus cidadãos.

Devemos constantemente relembrar isso aos nossos governantes.

4.Qual o comportamento do Crente em uma era de violência?

Mesmo a violência sendo algo que acompanha os passos da humanidade submersa em pecado, é realidade que vivemos em uma era violenta, em um país violento. Como crentes, devemos relembrar os seguintes pontos:

1.Se somos vítimas de violência.

Podemos ser vítimas de violência, como vimos nos exemplos mencionados na introdução, ou como já pode ter sido a sua experiência.

Pode ser que você esteja agora sendo vítima de violência doméstica e ninguém sabe disso. Lembre-se que Deus reina soberanamente e ele tem um propósito para tudo, mesmo que não entendamos o que está ocorrendo, em um determinado ponto de nossas vidas.

Se o irmão ou irmã está sendo vítima de violência, no temor do Senhor e em oração, procure a ajuda e aconselhamento em sua Igreja, com o seu pastor, com um dos oficiais, com um irmão ou irmã amiga.

Saiba que Deus não lhe desampara (Sl 72.13-14). Se você já foi vítima de violência, ore para que possa agir como o apóstolo Paulo, quando escreveu em 1 Co 1.4, "É Ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus".

Peça a Deus que lhe console e que lhe conforte, mas vá além disso - ninguém entende mais o que uma outra pessoa, que foi vítima de violência, está passando, do que você, que também já foi.

Aproxime-se, console-a também. Paulo continua, no v. 6: "Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto". Ore para que Deus lhe use bem como a sua experiência tão adversa e devastadora para o bem do seu Reino.

2.Não confiar em nossas próprias forças.

O Salmista, em uma era de guerras e batalhas afirmava: "Não confio no meu arco e não é a minha espada que me salva" (Salmo 44.6). A sua confiança estava no Senhor, e por isso ele continua: "Levanta-te para socorrer-nos, e resgata-nos por amor da tua benignidade". Que Ele seja também a nossa confiança e fonte de poder.

3.Procurar Refúgio em Deus.

O medo existe em meio à violência, mas Deus é maior do que todos e ampara os seus.

O Salmo 22 é um salmo messiânico profético que retrata a violência que seria cometida contra o ungido de Deus, Cristo Jesus. Mas ele é também o reflexo da experiência de David. Houve ocasiões de mêdo em sua vida: "derramei-me como água e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim (v.14)", mas a confiança no livramento de Deus era constante: "Livra-me a minha alma da espada, e das presas do cão a minha vida"(v. 20). Ele sabia que Deus ampara os seus: "Pois não desprezou nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas ouviu, quando lhe gritou por socorro".

Em 2 Samuel 22.3 temos o registro de David exclamando: "Ó Deus, da violência tu me salvas."

Não deve haver desespero, portanto, na vida do crente. Oremos por coragem advinda de Deus e para que ele remova o medo e a apreensão na presença de tanta violência.

4.Nunca ser violento.

O crente não deve ser violento, mas deve ser conhecido por sua mansidão e índole pacífica. Assim somos instruídos em Mateus 5.1-12, no sermão da montanha, por nosso Senhor Jesus Cristo.

(MT 5:1) - Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos;

(MT 5:2) - e ele passou a ensiná-los, dizendo:

(MT 5:3) - Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.

(MT 5:4) - Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

(MT 5:5) - Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.

(MT 5:6) - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.

(MT 5:7) - Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

(MT 5:8) - Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.

(MT 5:9) - Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.

(MT 5:10) - Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

(MT 5:11) - Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.

(MT 5:12) - Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.

Devemos poder exclamar como Jó (16.17): "... não haja violência nas minhas mãos, e seja pura a minha oração". Isso quer dizer também:

- Nunca exercer violência física no lar - Com isso não queremos dizer que a disciplina, da parte dos pais, não deve existir, mas devemos discernir entre a firme disciplina - mencionada em Pv. 10.13 e 24; 22.15; 23.13 e 14; 29.15 - e a violência que é fruto da ira inconseqüente, como lemos em Pv. 9.18 - "Castiga a teu filho enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo").

- Nunca exercer violência psicológica no lar - assim somos exortados em Ef. 6.4 "E vós pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor."

5.Apoiar a lei e a ordem - Devemos procurar encorajar o exercício da justiça de Deus (Jr. 22.3) "Assim diz o Senhor: executai o direito e a justiça, e livrai o oprimido da mão do opressor; não oprimais ao estrangeiro nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar".

Nunca devemos deixar de orar por nossos governantes, para que eles sejam ministros eficazes de Deus (1 Tm 2.1,2a).

6.Olhar para o alvo. Devemos almejar o ideal, expresso de forma precisa, profeticamente, por Isaías (59:18) "Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou ruína nos seus termos; mas aos teus muros chamarás Salvação e às tuas portas Louvor", sabendo que Deus nos resgatou do pecado exatamente para que tenhamos esse tipo de paz, que é um prenúncio da paz eterna, em Sua presença.

7.Pregar a palavra. Devemos ter o convencimento que a violência, sendo uma conseqüência do afastamento de Deus e de seus princípios tem o seu remédio final na conversão do pecador.

Nisso podemos e devemos ser agentes contra a violência, fazendo como o profeta Jonas, que, ordenado por Deus pregou em uma grande cidade, com resultados espantosos para nós, mas nunca impossíveis para Deus. Em Jonas 3.8 lemos: "... e clamarão fortemente a Deus; e se converterão, cada um, do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos".

Leituras sugeridas:

Seg.:Gn 4.4-15 - A primeira manifestação de violência.

Ter.:Gn 9:5-17 - Deus condena a violência e estabelece um pacto de paz.

Quar.:Os 4.1-6 - A violência em uma sociedade sem Deus.

Qui.:Mt 5.1-12 - A postura pessoal do crente é pacífica e não violenta.

Sex.:Mt 26:46-52 - Cristo entrega a sua vida e condena a violência.

Sáb.:Rm 13.1-7 -O governo ideal reprime os violentos e recompensa os ordeiros.

Dom.: Ap 13.7-10 - Violência contra os santos de Deus.

Artigo de Solano Portella.